Apresentação

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Novas Perspectivas



O curso Práticas de Leitura e Escrita na Contemporaneidade me proporcionou uma oportunidade de reflexão sobre minha prática docente, trazendo ideias novas, ativando conhecimentos e até desenvolvendo novas habilidades com a criação do blog.
           Foi muito gratificante e satisfatório estar em contato com opiniões de colegas de outras regiões e de outras áreas, numa reflexão interdisciplinar e assim, pudemos crescer juntos.
Acredito que, por estar em contato constante com os diversos gêneros textuais e conhecendo as características de cada um, por fazer parte da minha disciplina de formação, eu tenha encontrado mais facilidade em algumas atividades de produção. Entretanto, a criação do blog, a princípio, me assustou bastante. Quando consegui criá-lo, convidar colegas do grupo como autores e postar minhas atividades, percebi o quantos as “pedras” são importantes em nosso “caminho”  para o nosso crescimento pessoal. Salve Drummond! Desafiar nossos alunos à prática efetiva da leitura e da escrita deve ser o objetivo maior do nosso trabalho como educadores.
Penso ainda que o blog é uma ferramenta importante de incentivo e desafio para nossos alunos produzirem textos proficientes e eficazes, uma vez que podemos propor a postagem dos melhores trabalhos, criando leitores reais. Assim estaremos educando verdadeiramente para a cidadania. 

domingo, 4 de novembro de 2012

Apresentação

O objetivo primeiro deste blog é mostrar  a importância da leitura e da escrita, tão necessárias para a formação do ser humano em termos éticos, profissionais, sociais, culturais, entre outros. É fruto de uma atividade conjunta de educadores de um curso de formação e aperfeiçoamento de professores do Estado de São Paulo (Programa Práticas de Leitura e Escrita na Contemporaneidade), especificamente no que se refere ao uso da tecnologia nas produções contemporâneas.
A preocupação com a leitura e a escrita vem permeando o trabalho docente há séculos e, por isso, iniciamos com relatos sobre experiências que tenham sido significativas para seus idealizadores. Partilhar estes depoimentos talvez nos remeta a lugares saborosos do passado, nos traga à mente pessoas que nos influenciaram e nos incentivaram a comungar idéias de autores consagrados ou não, nos faça entender o que somos hoje.
            Segundo Antônio Cândido, “as produções literárias, de todos os tipos e de todos os níveis, satisfazem necessidades básicas do ser humano, sobretudo através dessa incorporação, que enriquece a nossa percepção e a nossa visão do mundo”.
            Vamos nos remeter a esse “Mundo Mágico” e, através da história dos outros, rememorar, criar ou modificar a nossa? Fica aqui nosso convite para que visitem sempre esta página e deliciem-se com momentos de leitura.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O interrogatório a seguir é uma contribuição atrelada à atividade proposta pelo Programa: Práticas de Leitura e Escrita na Contemporaneidade, da Escola de Formação de Professores "Paulo Renato Costa Souza".

Corpo caído no chão

Lá estava eu, na DP prestando depoimento. Poderia ter sido um dia como outro qualquer, mas fui surpreendida, logo após levantar-me. Estava ainda aprontando-me para sair quando ouço a campainha. Vou atender e deparo com um corpo de um homem caído na soleira da minha porta. Olho para ambos os lados e não vejo viva alma. Abaixo-me e, com os dedos, toco o corpo que está frio e rígido. Assustada em constatar que ali estava um corpo caído no chão, corri e peguei o telefone para ligar para a central de polícia.

- Diga seu nome completo, idade e profissão.
- Inocência da Silva, 35 anos, professora.
- Conhecia a vítima?
- Não.
- Já o havia visto em alguma ocasião?
- Não me recordo. Na verdade não vi seu rosto, vi que estava morto e não tive coragem de olhar seu rosto que parecia desfigurado.
- Saberia dizer por que ele foi deixado em sua porta?
- Não faço a mínima ideia.
- A senhora é casada ou .....?
- Tive um companheiro, mas recentemente nos separamos.
- Sabe onde podemos encontrá-lo?
- Não. Não o vi mais depois que nos separamos.
- Ele teria algum envolvimento com o ocorrido?
- Acho que não. Não, ele não faria isso.
- No dia do ocorrido, houve algum barulho, algo que saiu da normalidade que tenha notado?
- Houve muito barulho de fogos de artifício por conta da final do campeonato..... Acordei algumas vezes durante a noite com esse barulho. Havia alguém discutindo, mas pensei que tivesse sido apenas um sonho.
- Lembra algo dessa “suposta discussão”?
- Pareciam vozes masculinas.... não sei o que poderiam estar dizendo, falavam em tom bem áspero.... Espere.... discutiam sobre o envolvimento de um deles com uma mulher... Acho que era isso.
- A senhora está envolvida com alguém recentemente.... um namorado?
- Estou saindo com um amigo, mas nada sério... apenas curtimos algumas coisas juntos.
- Qual o nome desse seu amigo e sabe como poderemos encontrá-lo?
- O nome dele é Fridundico Eulâmpio e mora próximo daqui, na rua Holofontina Fufuca, número 7...
- Senhora, tem certeza do nome e endereço?
- Claro!!! Por quê????
- Senhora... esse era o homem que estava na soleira da sua porta!!!!!




quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Interrogatório




O texto a seguir foi produzido como atividade proposta de um curso de formação continuada e com o objetivo de se observar as características composicionais e de estilo de alguns gêneros textuais. Trata-se de um interrogatório baseado numa sequência de eventos relatada na comanda e que se encontra inserida no texto.
Nesse gênero devem-se notar:
·         relato dos fatos na ordem em que ocorreram com descrição objetiva e minuciosa dos detalhes que cercam o ocorrido;
·         uso misturado de linguagem mais formal com outra mais coloquial;
·         relato em primeira pessoa;
·         presença de palavras que indicam precisão, tais como números, nomes e endereços.


Um cadáver em minha porta


Fui levada para a 25ª DP e interrogada pelo delegado de plantão a respeito do ocorrido. Eu era a única testemunha, embora isso ainda não estivesse claro em minha mente. Uma nuvem negra pairava sobre a minha consciência, mas eu tinha que responder às perguntas sem comprometer-me. O delegado iniciou o interrogatório sem qualquer atenção aos meus sentimentos. Esta era a sua obrigação.
- Vamos iniciar com sua qualificação. Por favor, nome completo.
- Ana Laura Monteverde.
- Filiação.
- Carlos Antônio Monteverde e Maria Sílvia oliveira Monteverde.
- Endereço.
- Avenida Carlos Gomes, 1527; centro; São Paulo.
- Estado civil.
- Divorciada.
- Data e local de nascimento.
- Vinte e cinco de janeiro de 1981, São Sebastião do Paraíso.
- Nacionalidade.
- Brasileira.
- Profissão.
- Jornalista.
- Por favor, narre, com o maior número de detalhes possível, os fatos ocorridos.
- Bom, doutor, estou muito nervosa, mas vou tentar ser o mais fiel que puder. Abri os olhos e consultei o relógio de cabeceira. Eram 5:20 da manhã, meu horário de acordar rotineiramente. Levantei-me, fui até o banheiro e escovei os dentes. Lavava o rosto quando ouvi a campainha da porta. Preocupada porque não esperava por ninguém, enxuguei-me às pressas, saí do banheiro e caminhei até a entrada. Destranquei a fechadura e, ao abrir a porta, vi um homem caído na soleira. Rapidamente corri o olhar em torno e constatei que não havia mais ninguém no corredor. Abaixei-me e, ao tocar o homem com os dedos, senti que se corpo estava frio e rígido. Fiquei apavorada quando percebi que se tratava de um cadáver e corri para o telefone, acionando a central de polícia. Isso foi tudo, doutor.
- A senhora foi acordada por algum barulho?
- Não sei dizer ao certo. Não sei se estava sonhando ou se ouvi alguma coisa. Estava muito sonolenta para afirmar com certeza.
- Que espécie de barulho teria supostamente ouvido?
- Parecia passos apressados, seguidos de fogos de artifício, conversas. Achei que era um sonho e agora penso que até poderiam ser reais. Estou confusa.
- Ao abrir a porta viu algum vulto ou alguém se afastando?
- Não, apenas a porta do elevador se fechando.
- Conhecia a vítima?
- Não necessariamente. Apenas me lembro de ter cruzado com ela no metrô.
- Isso acontecia com frequência?
- Não, somente uma ou duas vezes. Chamou minha atenção o seu sobretudo bege e o chapéu, parecia ter saído dos episódios de Sherlock Holmes.
- A senhora tem algum inimigo ou pessoa que desejasse prejudicá-la por algum motivo.
- Não que eu saiba, doutor. Mas no meu trabalho às vezes faço jornalismo investigativo e talvez descubra coisas que não devessem ser descobertas, no entanto agora não estou realizando nenhum trabalho desse tipo.
- Na noite anterior ouviu ou presenciou algum movimento estranho na vizinhança?
- Nada que seja surpreendente. Meus vizinhos do andar de cima sempre discutem, gritam, as crianças choram por causa das brigas, às vezes percebo que há até agressões físicas, mas isso é comum nessa família, já estou tão acostumada que nem percebo. Mas, recordando melhor, houve uma coisa diferente: o cachorro parecia latir diferente, uivava como se estivesse sentindo alguma dor e, de repente, a discussão cessou. A mulher dizia que “ele” não tinha nada com isso, que era  responsabilidade dela e que seria melhor poupá-lo. Não entendi nada e também não me preocupei. Logo tudo parecia normal, até pensei que o “ele” fosse o cachorro.
-Depois disso a senhora chegou a ver seus vizinhos?
- Não.
- Há mais alguma coisa que a senhora queira declarar?
- Não me lembro de mais nada que seja relevante.
- O escrivão vai ler o depoimento e, se estiver de acordo com suas declarações, a senhora deverá assiná-lo.
Logo após, o escrivão fez a leitura do interrogatório, com o qual concordei e assinei. Mas o pesadelo continuava na minha mente, na imagem daquele cadáver que insistia em permanecer ali.
Fui para casa. Na redação, meus colegas preparavam-se para noticiar o fato do qual eu nunca queria ter participado.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Depoimento de leitura e escrita



Ao ler e escutar os depoimentos dessas pessoas que são, na verdade, uma mistura de profissões, de formações, de indivíduos brilhantes, leva-nos à reflexão e ao questionamento de como nos tornamos leitores? Como passamos a gostar de ler e, posteriormente, a escrever? Na maioria das vezes o papel fundamental para despertar o gosto pela leitura e escrita surge dentro do ambiente familiar. Antigamente, mães e avós não trabalhavam e a educação ficava a cargo dessas mulheres que dedicavam algum tempo para contar histórias, ler um livro para seus filhos, ajudá-los nas tarefas escolares. Hoje pais e mães têm de trabalhar para, juntos, compor a renda familiar e os filhos passam a maior parte do tempo assistindo TV, assistindo a programas que muitas vezes não trazem incentivos para sua formação, ou jogando videogames por vezes violentos, ou navegando pela internet. É claro que os recursos midiáticos podem trazer benefícios, mas para que isso ocorra, há a necessidade de se ter uma orientação. A escola, por outro lado, deveria sanar essa ausência de estímulo familiar com relação à leitura e à escrita, mas tornou-se um ambiente pouco atrativo comparando-se aos recursos que as crianças têm acesso atualmente.
Sou da época que poucos tinham TV em suas residências. Assistíamos, muitas vezes, nas casas dos ‘coleguinhas mais abastados’; brincávamos de amarelinha, cobra cega, passa anel e ouvíamos nossas mães e avós contarem histórias que nos encantavam. Ansiávamos por aprender a ler e, até hoje, lembro-me como isso ocorreu de uma hora para outra: de repente comecei a ler placas, rótulos de embalagens, capas de livros e daí foi um passo para a leitura espontânea.
Acredito que a formação de um leitor deva acontecer, primeiramente, no ambiente familiar. Assim, as escolas deveriam elaborar projetos que abarcassem não só alunos, mas também seus familiares.



Cileide Lopes

domingo, 21 de outubro de 2012

Lembranças de Leitura



Relatar experiências com a leitura é sempre emocionante, pois é uma atividade nostálgica e saudosista, que me traz à memória pessoas importantes da minha vida, muitas delas que já se encontram em outro plano, mas que, passando por aqui, marcaram histórias alheias.
            Na minha infância, as experiências não eram boas porque meus pais não tinham condições financeiras e desconheciam a importância de presentear com livros. Meu sonho era ter a coleção dos clássicos infantis, aquelas de capa dura, com imagens que se movimentam. Estes foram conseguidos muitos anos mais tarde, em um sebo em São Paulo, para a alegria de minha filha, embora não tivessem o mesmo sabor. Talvez eu tenha projetado o meu sonho para a realidade dela, mas a atemporalidade dos clássicos é uma virtude incontestável.
            Logo chegaram os primeiros anos de escolaridade e eu me transportava para os mais variados lugares, nas primeiras histórias lidas por meus próprios olhos. O livro didático era explorado em casa, antes da professora orientar.
            Mais tarde vieram os livros da coleção Vaga-lume , retirados em empréstimo na rica biblioteca da escola. Eram tardes e tardes nos finais de semana, viajando, “transubstanciando”, comungando autores vezes consagrados, outras não. E depois “O Pequeno Príncipe”, “Fernão Capelo Gaivota”, “O Menino do Dedo Verde” contribuíram ricamente para a minha formação de valores humanos. E assim, conforme amadurecia, novas obras eram tomadas por gosto. Lembro-me que lia Best-sellers (no auge de Sidney Sheldon e dos meus quinze anos) escondido da saudosa D.Yara, professora de português. Devorava-os nos intervalos da escola e hoje entendo porque ela os criticava. Isso agora não tem a menor importância, pois acredito que para que alguém leia com criticidade, é preciso primeiro contagiar-se com o “vírus” da leitura e com ela amadurecer. Ainda ontem li, logo pela manhã, nas pagelas da Folhinha do Coração de Jesus: “Cada leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo”.